11 11 11  ou  12 12 12 ?  

MILTON   MACIEL   

O André Würtz  é um nostálgico. E também um inconformado. Um Escorpião típico, nascido num dia onze de Novembro (11 do 11, entendeu?). Pois para ele não tem perdão: No ano passado, em 11 de Novembro de 2011, não houve o necessário e merecido reconhecimento. Poxa, diz ele a todo momento, era o 11 11 11 !!!

Agora ele nutre a maior revolta contra os arautos do 12 12 12. Raios, que incoerência! diz ele. Desde quando 12 12 12 é mais importante que 11 11 11?! Onde é que vão arrumar outra coisa tão perfeita, só com o algarismo UM. Ora 12 12 12 ! É evidente que isso é uma enjambração. Ficam prometendo mundos e fundos só porque repetem três números doze. Por que então não investiram no 9 9 9, em Setembro de 2009 ou no 1 1 1, em Janeiro de 2001?! E solta uma saraivada de palavrões, que não cabem no texto de um escritor careta. O homem é fera! E insiste:

Agora o 11 11 11 não! Esse é diferente, esse é a perfeição numérica. E justifica.

Não vou gastar tempo e paciência dos meus leitores, porque as justificativas são as mesmas do pessoal do 12 12 12, basta ler o que estes estão apregoando agora. Exatamente as mesmas, mesmíssimas, palavras, explicações e promessas, uma parte das quais já freqüentaram outras datas igualmente emblemáticas, como o Eclipse de Nostradamus de 11 de agosto de 1999 e o Bug do Milênio. Quem se der ao trabalho de fazer uma boa retrospectiva dos textos de “previsões” a respeito dessas épocas, vai ver do que estou falando.

Mas, como essa não é em definitivo a minha praia, nem me arvoro eu em ter direito a jogar qualquer coisa no ventilador da fé ou boa-fé dos outros, só estou escrevendo isto para registrar a revolta e desconformidade do escorpiano André. Pois o Würtz anda agora mais furioso do que nunca. Quando vê qualquer coisa relacionada a 12 12 12 , ele fica uma fera. Puxa discussão, ofende, o homem é mesmo agressivo. Aí, para apaziguá-lo num desses momentos, prometi que escreveria algo a respeito na minha coluna. Pra quê?!

Aí o Würtz não largou mais do meu pé. Só fica me ligando a toda hora, perguntando: Quando é que você vai arrasar com esses caras do 12 12 12? Puxa, maldita hora em que eu fui fazer aquela promessa! Eu não vou espinafrar ninguém, porque no fundo os argumentos 11 11 11 do Würtz são os mesmíssimos do povo do 12 12 12. Ora, e se as coisas em que ele e muitos milhares de 11 11 11-istas acreditaram no ano passado tiverem de fato acontecido? Pelo jeito que eles prometiam, vai levar uma carrada de tempo até se poder perceber os tais efeitos de uma maravilhosa transformação. O mesmo vai valer para os 12 12 12-istas.

Então o máximo que consegui escrever foi isto. Provavelmente vai baixar o Idi Amin Dada no Würtz: ele vai querer comer meu fígado! Quem por aí foi adepto do 11 11 11, pode se manifestar e comentar o que de fato aconteceu, relativo às incríveis promessas de regeneração e evolução. Quanto aos 12 12 12-istas, basta a gente esperar, já que o tempo é o senhor da razão. O Collor costumava correr com isso no peito. Pra ele não deu muito certo, espero que para os 12 12 12-istas a coisa corra melhor.

E isso que eu nem estou mencionando que esses 11 11 11 e 12 12 12 só existem no calendário ocidental. Para os judeus, que são poucos e para os chineses, que são muitíssimos (1,3 bilhões), os calendários são bem outros. E não é só para eles!

E, por favor, me deixem fora disso. Eu, no máximo, sirvo para despejar cafezinho nas xícaras dos meus convidados: Sou um típico Homem de Por Café. E, se não fosse injusto, eu faria o trocadilho, dizendo que o Würtz é um Homem de Porca Fé. Mas é, sim, injusto, ele pode estar certo e eu, errado. Então me calo. Desculpe o mau jeito, Würtz. Fui!