sábado, 9 de fevereiro de 2013


DIVERSÕES  COM O PORTUGUÊS - 2
Os Poemas da Língua Pátria:
Língua Portuguesa (Olavo Bilac);  e
Extrema Expressão da Beleza (Milton Maciel) 

LÍNGUA PORTUGUESA
OLAVO BILAC  (foto)

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o tom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


SUPREMA EXPRESSÃO DA BELEZA   
MILTON  MACIEL 

Ó divinos criadores, arquitetos celestiais,
Eis o novo desafio, de dimensões colossais:
É mister que, hoje, criemos o canto de uma nação
E, para os seus habitantes, uma forma de expressão.

Seja uma forma falada das mais sutis melodias,
Que possa cantar, a um tempo, os amores e elegias.
Que tenha o sonido cavo do ribombo dos trovões,
Expresse o bramido das ondas, o ronco dos furacões.

Mas que possa, ao mesmo tempo, doces amores cantar,
E espalhe os suaves sussurros dos amantes pelo ar.
Que ela traduza, dolente, mil sutis sonoridades,
Que vão do brilho dos céus até a escuridão do Hades.

Que abrigue, em seio gentil, as rimas mais primorosas
E que descreva, inebriante, cores e aromas de rosas.
Mas também saiba dizer, a mais que suaves dosséis,
O estrupidar violento dos cascos de mil corcéis.

Cante a vida delirante, com seus prazeres sensuais,
Mas grite também lamentos, nos momentos mais fatais.
Que externe a alegria que encanta e a mágoa que corrói
E celebre, em triunfantes odes, os seus maiores heróis.

E ao chegarmos, no final, a tão suprema Beleza,
A esta jóia chamaremos de Língua Portuguesa!

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