terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


SER FELIZ É SABER OLHAR PARA  TRÁS -  
E saber AGRADECER. Mas é também
olhar para a frente e NÃO TER MEDO!
MILTON  MACIEL

O verdadeiro amor, por exemplo, está muito mais em ter tido a felicidade de partilhar doces e duros momentos, os altos e baixos do simples dia-a-dia; está muito mais no acumular de experiências e vivências, que constroem um passado de compreensão e tolerância, amizade e carinho, em que pese termos vivido desencantos e desilusões, arrufos e brigas, porque isso é simplesmente o NORMAL da vida.

As pessoas nem sempre percebem que ser feliz é OLHAR PARA TRÁS. Ao contrário..., elas tendem a ficar infelizes com um veneno chamado MEDO DO FUTURO, medo de perder. Só que aquilo que você já tem dentro de si não pode mais ser perdido. É tesouro. É Indestrutível. Uma relação pode acabar, o afeto de amanhã pode mudar. Mas tudo o que foi vivido não muda, está guardado para SEMPRE, per omnia secula seculorum. Portanto, ser feliz é, acima de tudo, um estado contínuo de GRATIDÃO pelo que de bom já vivemos na vida. E isso, certamente, todos nós tivemos e muito.

Quantos são os que dizem, merecidamente: EU ERA FELIZ E NÃO SABIA. Pois é, isso é bem do ser humano: não saber reconhecer um estado de felicidade que está escondido numa aparente calmaria, num dia-a-dia sem sobressaltos, sem eventos novelescos e excitantes. Foi pensando nisso que um dia escrevi um poema muito simples(*), mas que retrata essa realidade, a qual fica oculta aos olhos das pessoas no dia-a-dia de suas vidas agitadas, em que elas não se permitem reconhecer a sutileza dos bons momentos que permeiam os menos agradáveis – a porque a VIDA É ASSIM, simplesmente.

Contudo, é da natureza humana, por causa do EFEITO SOMBRA que ataca do fundo do inconsciente, dar um peso diferente aos momentos infelizes, muito maior do que o atribuído aos momentos felizes. É o mesmo fenômeno que faz os jornais e os telejornais estamparem as desgraças e os crimes, as baixarias e as fofocas, preferencialmente a outros temas. Isso vende jornal, isso faz as TV’s faturarem horrores com excrescências tipo BBB. De uma certa forma, nós estamos preparados para o que é ruim, esperamos por ele, pela mediocridade inclusive
.
As pessoas não costumam – porque ninguém lhes ensinou isso – apreciar a felicidade que está no que já passou, de onde nasce o sentimento de plenitude que se chama GRATIDÃO. Exatamente por causa desse que é, como Jung tão bem o demonstrou, o maior medo dos seres humanos: O MEDO DE SOFRER!  É por medo de sofrer que nós deixamos passar muitas das melhores oportunidades na vida. E deixamos de nos livrar de relações negativas, quer na família, no trabalho ou no amor. E deixamos de encetar outras tantas relações novas. Em suma, como ser humano, VOCÊ MORRE DE MEDO DE SER INFELIZ. MORRE DE MEDO DE SOFRER. MORRE DE MEDO DE PERDER.

Um dia Clarice Lispector perguntou a Hélio Pelegrino, o grande psicanalista brasileiro: Viver é bom?

A resposta de Hélio Pelegrino ela anotou e colocou em livro:

“Viver, essa difícil alegria. Viver é jogo, é risco. Quem joga pode ganhar ou perder. O começo da sabedoria consiste em aceitarmos que perder também faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma coisa de extremamente precioso: ganhamos nossa possibilidade de ganhar. Se sei perder, sei ganhar. Se não sei perder, não ganho nada, e terei sempre as mãos vazias. Quem não sabe perder acumula ferrugem nos olhos e se torna cego – cego de rancor. Quando a gente chega a aceitar, com verdadeira e profunda humildade, as regras do jogo existencial, viver se torna mais do que bom --se torna fascinante."

(*) ODE A UMA DIA COMUM
MILTON MACIEL

Ontem não aconteceu nada,
Foi só um dia comum.

Ontem nada deu certo;
Porém, nada deu errado.
Se nada teve conserto,
Nada também foi quebrado.

Tive alegrias? Que nada!
Mas nada me incomodou.
Fiquei chateado? Que nada!
No entanto, nada mudou.

Nada de novo na esquina,
Nada fugiu da rotina.
Nada houve de horroroso...
Que dia MARAVILHOSO!!!

Miami, Jan 30, 2012 

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