sábado, 18 de maio de 2013


 
O VELHO PAPA-VIRGENS 
Ou “O descabaçador em Ação”
MILTON  MACIEL
Extraído do livro LOLITA DE ARACAJU – A Mais Jovem
Dona de Bordel do Mundo - MILTON MACIEL – Idel – SP

Este livro é LEITURA PARA ADULTOS. Aos excertos publicados no Facebook e Grupos aplico uma ‘censura’ prévia, amaciando palavras ou eliminando trechos. Mas no blog o texto está igual ao do livro.

LOLITA é um paulistinha de 16 anos, inacreditavelmente bonita e sedutora, com um corpaço cinematográfico e uma sexualidade explosiva, muito experiente e precoce nas artes do amor. Indo parar em Aracaju, acaba conhecendo e se tornando sócia de ZEZÉ, a competentíssima ex-administradora do castelo (bordel) da falecida Madame Lammounier. Elas planejam reabrir o castelo da francesa, mas para isso precisam mais dinheiro. É quando Lolita tem uma idéia, que irá envolver o velho Alcebíades, farmacêutico aposentado e verdadeiro pudim-de-cachaça, que é agiota e se auto-intitula “o maior descabaçador do Nordeste.”


Do capítulo O DESCABAÇADOR EM AÇÃO:

Para começar já, iriam precisar bem mais do que a importância que tinham. Lolita declarou, então, que agora era a sua vez de arranjar dinheiro.

– Mas, como?  – quis saber Zezé.

– Ora, começando desde já com o meu trabalho.

– Você quer dizer...

– Isso mesmo! Já que eu vou estrear um dia no ramo, porque não começar imediatamente, quando nós precisamos de dinheiro para instalar o negócio?

– Mas, minha filha... Eu não sei se...

– Ah, Zezé, deixe disso. Você está com peninha de mim, é?...

– Ah, menina impossível! Como é que eu vou poder esconder o que penso? É, é isso mesmo. Você ainda é tão novinha...

– Pois aí é que está a nossa grande arma, Zezé! Você entende tudo disso, sabe o que eu estou querendo dizer!

– Sim, eu sei: você quer dizer que é de menor, não é isso?

– Mas é claro! Eu valho muito mais agora do que depois dos dezoito, não é mesmo? – e dirigiu um olhar cheio de malícia e inteligência, que fez Zezé perceber que ela tinha algo em mente.

– Está certo, dona espertinha. Venha de lá o que a senhora está pensando, então.

– Eu não estou pensando nada, Zezé. Quem conhece tudo do ramo é você. Ou seja, eu só estou lhe dando um toque para você raciocinar: o que é que você pode fazer para aproveitar a minha menoridade.

– Ah, agora eu começo a compreender... É, sua menoridade é nossa grande vantagem, mesmo.

– E desvantagem, também, Zezé!

– Ué! E agora mais essa! Afinal é vantagem ou desvantagem?

– As duas coisas, querida. As duas! – e, contando nos dedinhos delicados, continuou – Vantagem se a gente juntar a loucura dos homens maduros por menininhas com a experiência que você tem no ramo. E desvantagem na hora de encarar as coisas legais. Você já parou para pensar como é que eu, com os dezesseis anos que ainda tenho que completar M6es que vem, vou poder freqüentar a nossa casa, o nosso castelo, hein?

– Ah, mas nisso eu já matutei bastante. A solução aqui no Nordeste é simples e é só uma: documento falso, minha nega! Não se faz outra coisa, num caso assim. Lembra do que eu lhe contei sobre os papéis falsificados de Elise, inclusive aquela impressionante certidão de casamento francesa – aquela que ela segurava na mão esquerda, sobre o peito, quando nos deixou para ir embora com o seu Jean Jacques? Pois eu vou tratar disso com o Dr. Ariosto. Sei que ele não faz essas coisas, mas é prático e compreensivo e é lógico que, macaco velho, sabe muito bem quem pode fazer.

– Puxa, Zezé, você está certíssima. E vamos aproveitar, já que temos que fazer documentos novos com idade de maior e que eu não tenho ninguém que me conheça neste lugar e fazer umas mudançazinhas a mais.

– Outras mudanças? O que, por exemplo?

– Ora, pense, criatura. Você não me deu um nome novo – Lolita? Pois eu já me acostumei tanto com ele, que vou aproveitar para adotá-lo em definitivo, ora! 

– Menina!... Mas você pensa longe, hein... Pensa em tudo.

– E tem mais coisas que eu vou querer nos meus documentos, querida. Mas isso é assunto para outra hora, depois que nós tivermos a pessoa certa para aperfeiçoar os meus documentos, digamos. Mas agora eu quero é que você use essa sua cabecinha esperta e experiente para pensar a melhor maneira de usar a minha menoridade como nossa grande vantagem – com os homens é claro. E homens maduros, viu, Zezé?... Bem maduros, tá?!

– Bem, se você diz isso, é porque já está sabendo algo com que esta burra velha ainda não atinou. Mas deixe estar, eu vou pensar muito, mas muito mesmo nisso e vou descobrir por que razão você está me insinuando isso de homens bem maduros – quer dizer, homens velhos, em outras palavras.

– Bem, Zezé, deixe eu dar uma mãozinha a mais, então. Imagine só o seguinte: faz de conta que eu sou a sua sobrinha menor, que veio morar com você e que é VIRGEM!

– Virgem, você?! – E Zezé prorrompeu numa sonora gargalhada.

   Lolita nem se abalou. Continuou olhando Zezé bem nos olhos, como fazia quando queria ajudá-la a raciocinar ou a sentir alguma coisa. Zezé foi parando de rir e então...

– Você quer dizer um velho papa-virgem, então? Um descabaçador, é isso! É, eu conheci alguns homens assim, aqui em Aracaju. Já faz um bom tempinho que eu estou fora do ramo, mas acho que não deve ser difícil achar a pista deles. Inclusive, tinha um velho muito safado mesmo, um farmacêutico aposentado, que se gabava de ser o maior descabaçador de Sergipe. Ou do Nordeste, não lembro.

– Uhm, interessante... Qual era o nome dele?

– Era... Espere um pouco... Alcebíades! Isso mesmo, lembro bem, era um nome esquisito. O diabo velho já estava lá pelos sessenta e muitos e, se ainda for vivo agora, deve andar lá pelos setenta e dois no mínimo... Só queria saber de menininha bem novinha, para ele dezesseis anos já era mulher velha. Era um beberrão e um farrista, e, por causa disso, a gente não deixava que ele freqüentasse o castelo. Vivia de porre, nunca me lembro de ter visto esse filho de uma égua sóbrio.

– Já vi que você não gostava dele nem um pouquinho. Era por causa desse negócio das menininhas menores de idade?

– Bem, minha filha, não era só isso. Porque, que eu saiba, ele nunca pegou nenhuma mulher à força. Mas era por outra coisa: ele era um usurário, sabe? Um agiota. Há muito que tinha deixado a farmácia e vivia de emprestar dinheiro a juros altíssimos. Elise e eu resgatamos muitas mulheres das garras dele. E aí eu é que tinha que tratar com o nojento. Assim, era obrigada a tratá-lo bem, entende? A gente tinha uma relação comercial ... respeitosa.
CONTINUA

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