segunda-feira, 26 de agosto de 2013

HÁ VENENO DEMAIS EM SUA BOCA - I

HÁ VENENO DEMAIS EM SUA BOCA!
I - O DEPENDENTE QUÍMICO
MILTON MACIEL

E se a agricultura convencional fosse uma pessoa?

Se por um momento nós resolvermos equiparar a agricultura convencional a uma pessoa, fatalmente iremos concluir que estamos perante um Dependente Químico. Que, como todo viciado em drogas, apresenta algumas características comuns inconfundíveis. Essa “pessoa”:

- Não sabe mais existir sem sua dose habitual de drogas químicas, progressivamente crescentes, mutantes e mais caras.
- Ele entra no vício induzido por seus fornecedores que, estranhamente, não são combatidos por agentes oficiais. Ao contrário, recebem apoio para o vício destes oficiais governamentais e de alguns agiotas pesados da praça, autodenominados bancos.
- Essas drogas químicas estragam sua saúde e contaminam sua casa, tornando-a perigosa para os não-dependentes e para os animais. E, evidentemente, para os que compram e consomem produtos do dependente químico.
- Os fabricantes dessas drogas sabem os males que elas causam. Mas, é claro, mentem a respeito disso o tempo inteiro, porque, igual aos fabricantes de outra droga letal, o cigarro, esse fabricantes precisam desesperadamente que um número cada vez maior de produtores se tornem dependentes de seus produtos químicos.
- Essas drogas químicas estão sempre subindo de preço, muito mais do que os ganhos limitados do dependente.
- Para poder comprá-las e dar continuidade a seu vício, o dependente químico precisa sempre de mais e mais dinheiro.
- Por isso mesmo, uma vez que não tem habitualmente atividade sustentável, precisa recorrer sempre e mais aos agiotas.
- Esses agiotas nem sempre liberam todo o dinheiro que o dependente precisa, ou não o fazem quando ele mais precisa. É uma manobra.
- Os agiotas se resguardam com a garantia dos bens do dependente. E são terríveis cobradores de dívidas. Costumam executar o dependente e tomar-lhe os bens pessoais.
- A saúde dessa pessoa dependente é, naturalmente, muito debilitada.
- Ela está em situação cada vez mais difícil no mercado.
- E, como se isso não bastasse, ainda tem que competir com um número cada vez maior de pessoas (produtores) que não são dependentes químicos (os orgânicos).
- Estes outros, os não-dependentes químicos, não desperdiçam seu dinheiro com drogas químicas e o mercado prefere os produtos deles, justamente porque não tem resíduos perigosos das drogas químicas.
- Embora os governos não ajudem essas pessoas sadias, não-dependentes, o número delas não pára de crescer.
- Os governos também não ajudam os dependentes agroquímicos, porque também lucram com sua dependência.
- A perspectiva histórica demonstra que os governos têm prejudicado muito esses pobres dependentes químicos, porque têm sido manipulados pelos grandes fornecedores de drogas químicas, principalmente através de verbas de campanha, subornos e verbas de pesquisa acadêmica, em todo o mundo.
- Os grandes produtores de drogas químicas gastam milhões e milhões de dólares fazendo propaganda enganosa e fazendo lobbies milionários descaradamente, de modo a manter o dependente químico tapeado e capaz de acreditar que esses traficantes estão do lado do bem e que trabalham pelas “ciências da vida”, enquanto semeiam a destruição e a morte.
- Os grandes fabricantes de drogas químicas estão agora procurando tornar o dependente químico também dependente biológico, tratando de vender a ele sementes e pacotes químicos exclusivos de transgênicos, onde, além do gasto maior em produtos químicos, o dependente tem que pagar também por sementes caríssimas e pagar royalties pelo uso de uma tecnologia devastadora.

(Excerto do livro A HORTA ORGÂNICA PROFISSIONAL – Milton Maciel – Solovivo, 2000)


Um comentário:

  1. Prezado e querido Guru de agroecologia,por desatinos do destino, perdi seus contatos tais como telefones e email. Quando for possível, favor me dar um retorno com seus dados por mim perdidos. Não tenho notícia suas desde o último email a mim enviado por ocasião da chegada dos livros que lhe enviei, em outubro de 2015.Grande abraço. Paulo Sérgio Fialho (psfialho@gmail.com)

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