segunda-feira, 11 de novembro de 2013

AS DUAS SOMBRAS
Olegário Mariano

Na encruzilhada silenciosa do Destino,
Quando as estrelas se multiplicavam
Duas sombras errantes se encontraram.

A primeira falou: - Nasci de um beijo
de luz; sou força, vida, alma, esplendor.
Trago em mim toda a glória do Desejo,
Toda a ânsia do Universo... Eu sou o Amor
O mundo sinto exânime a meus pés...
Sou Delírio... Loucura... E tu, quem és?

- Eu nasci de uma lágrima, sou flama
Do teu incêndio que devora...
Vivo dos olhos tristes de quem ama
Para os olhos nevoentos de quem chora.
Dizem que ao mundo vim para ser boa
Para dar do meu sangue a quem me queira
Sou a Saudade, a tua companheira
Que punge, que consola e que perdoa...

Na encruzilhada silenciosa do Destino.
As duas Sombras comovidas se abraçaram
E, desde então, nunca mais se separaram.

Presto aqui homenagem a Olegário Mariano e a este seu poema que me fez ter vontade de ser declamador. Era eu um molecote de meus 16 anos quando ouvi, numa festinha, um rapaz de seus 22 declamar maravilhosamente bem esta poesia. Fiquei encantado. Posso dizer que ela foi lapidar em minha vida. 

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