sábado, 14 de fevereiro de 2015

A DAR CAMBOTAS, DENTRO, O CORAÇÃO  
MILTON MACIEL

À sua vista, meu pobre coração
Virou cambota no meu peito vário,
Que, de inconstante no seu modo diário,
Travou-se em rocha firme da Paixão.

Esta mudança me fez, desde então,
Em suas mãos menos que um hilota.
Ah, por que tinha que virar cambota,
Dentro do peito, este meu coração!

No emaranhado insano da emoção,
Fiquei variado, tonto, apaixonado.
De hussardo dardo o peito trespassado,
A dar cambotas, dentro, o coração.

Sendo incapaz de lhe dizer um não,
Sigo esta vida de passo cambaio.
Como atingido por malaio raio,
Vira, em cambotas, o meu coração.

No estrupidar da mera sensação
De me arrastar em tolo desvario,
Corro a você, como pr’o mar um rio:
Em cambalhotas o meu coração!
(cambota = cambalhota)


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