terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

EU, QUASE SOL 
MILTON MACIEL

Um quase-sol semidesmaia no horizonte,
por trás de nuvens ralas, baixas, descabidas.
E um céu cinzento obscurece minha fronte,
levando a doer, ainda mais, minhas feridas.

Em cada nuvem, esboçada pelo vento,
Eu sempre acabo por prever sua figura.
Sou só saudade, sou névoa, ressentimento,
Um triste amante, vencido pela amargura.

No contraponto das esperanças perdidas,
eu desespero, pois pressinto, em plena agrura,
você inconstante, como as nuvens esbatidas.

No meu futuro vejo só agonia pura:
O sobressalto de suas voltas e partidas
e o insano amor que, por você, em mim perdura.


Nenhum comentário:

Postar um comentário