terça-feira, 14 de abril de 2015

O POETA E O GUASCA – Parte 8   
MILTON MACIEL 
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“Maria Helena, você disse?!!
Esse é o nome de sua amada?”

“Sim meu patrão, esse mesmo,
Minha eterna namorada.”

“Pois também Maria Helena
É o nome da minha amada!

VIII

Só que a minha, como eu,
No Rio se estabeleceu.”

“Que cosa más engraçada,
Veja bem isso o senhor:
Do mesmo nome é chamada
Quem manda no nosso amor.”

“A minha mora no Rio
Na faculdade é minha aluna.”

“Também no Rio vive a minha,
É de olho azul e loirinha.
E a sua, como é que é?”

Deixe que eu lhe mostre, amigo,
Com esta poesia minha:

“Cerúleos reflexos, céus dolentes prometidos,
Preenchem órbitas de onde sempre estou ausente.
Escravo eu de promessas não cumpridas, distantes.
Esvoaçam fios de ouro, eu desespéro.
Enquanto o Redentor olha pra mim, indiferente.
E é como se eu ouvisse:
Ela ama outro! Ela ama outro!”

“Cue pucha, meu patrão,
Eu não entendi foi nada!”

“Não se importe, meu amigo,
Eu já esperava por isso.
Sempre acontece comigo,
O meu texto é denso e omisso.
E o que eu escrevo, é sabido,
Nem sempre será entendido.

Mas deixe que traduza eu,
Como se fosse em francês,
O que minha mão escreveu.
Neste estranho português:

Cerúleo é azul: os olhos dela,
órbitas, cor do céu, reflexos.
Eu ausente deles, dessa janela,
Onde reverbero versos desconexos.
Onde desespero e até o Cristo
me é indiferente.
Fios de ouro: o esvoçante cabelo.Loiro!”

"Bueno, entonces me parece
Que a sua, tal qual a minha,
Tem olho azul e é loirinha."

“Isso mesmo, amigo gaúcho!”

“Só que essa por quem padece,
Pela parte que le toca,
É uma loirinha carioca.”

“Mais coincidência, meu caro!
Veja, a coisa continua:
A minha Maria Helena
É gaúcha como a sua.
As duas vivem no Rio,
Não parece um desvario?”

“Ah, é gaúcha a sua também?
E de onde que ela vem?”

“Pois é aqui desta estância,
Da qual você é o capataz
Eu vim visitar o seu pai
Um gaúcho de importância
Que é o seu chefe... 
RAPAZ!!!... 
Então você é o Juvêncio!!!”

“Deus do Céu, BARBARIDADE!!!...”

Foi só então que aqueles dois
Perceberam, finalmente,
Que existia apenas UMA
Maria Helena. Somente!!!

No sofá os dois sentaram,
por longo tempo silentes.
Para dentro de si olharam,
De seus dramas mais conscientes.
Dramas terríveis aqueles,
Brincava o destino com eles!

Não era um destino qualquer:
Amavam a MESMA mulher!


CONTINUA...  Como o poema é ainda muito longo, vamos publicar, na sequência, somente um resumo em prosa da parte restante, Assim respeitamos o cansaço do leitor. (MM)

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