quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

LUA  OCULTA – 45   
MILTON MACIEL  


45 – RAMIRO TOCO E OS TRAVESTIS
Fim do cap. 44: 
 Que ele deve estar em um dos apartamentos, cara, é mais do que certo. Que nesse apartamento deve ter uma certa menina loirinha, também deve ser mais do que certo. A conclusão qual é?
– Que a gente não deve incomodar o chefe!
– Isso mesmo, meu camarada. Então a gente mesmo resolve, tá?"

Sete e meia da manhã, Gládis telefonou para Larissa:

Fofinha, larga o osso, sua fominha, você vai ter muito tempo pra se regalar e apagar o fogo desse rabinho, leva só uns trinta anos. Mas agora acorde o seu homem e diga pra ele que o delegado novo está lá em baixo.

– Bem, ele está no banho, eu acordei ele antes das seis. Só um pouquinho antes das seis, tá! Mas você tem que entender que eu estou em lua-de-mel, não é? Não estava mais me aguentando!

– Com certeza. Minha Fofinha agora virou uma ursinha, não é? Por que dizem que quem nunca comeu mel, quando come pela primeira vez se lambuza. E urso, pelo menos urso de desenho animado, adora um mel. Vai ver, o Celso tem mel na ponta do...

–– Ai, para, para. Senão eu não me responsabilizo, ataco ele na saída do banho.

– Não, sua ursa tarada, deixa o mel da ponta pra mais tarde. Faz o homem descer na corrida.

Pouco depois, o delegado celebrou com Celso e seus homens o sucesso da empreitada anti-Silva. Sonia Assad fez questão de servir o mais lauto breakfast que podia, por conta da casa, para toda aquela gente, as meninas da Teles inclusive. Samira serviu as mesas e já começou a suspirar pelo novo delegado. Gládis percebeu e pensou: Céus, essa aí tem fogo no rabo por homem casado, parece que isso não vai ter jeito nunca!

O delegado fez depois um minucioso interrogatório\com todos os homens envolvidos, inclusive o bandido que podia falar, o que havia parado de tremelicar e estava bem consciente. Fez uma reconstituição das ações e uma série enorme de fotografias com celular e medidas com trena laser. Bem tinha falado o promotor Turíbio que aquele era um delegado muito moderno. 

Aliás – ele mesmo fizera questão de mencionar – não só não perdia um episódio de CSI Miami, CSI Las Vegas e CSI New York, com tinha pilhas de DVDs dessas séries em casa. Era, confessara, um ávido leitor de romances policiais, tinha a coleção inteira dos livros de Agatha Christie, seu ídolo era Hercule Poirot. Um dia, quando sua carreira o levasse para uma cidade grande, ele daria um jeito de se incorporar à Polícia Técnica.

Tinha trazido, para a modesta delegacia de Amarante, todo o seu arsenal de perícia policial, inclusive um microscópio binocular. Tinha dispositivos óticos, testes para manchas de sangue, armas especiais, balas de festim, material de balística, evidências para provas falsas. Com isso esperava se aprofundar nos estudos e, também, passar produtivamente o grande tempo ocioso que uma delegacia de uma cidade pequena e pacata como aquela devia proporcionar.

Um dos bandidos, o fracassado estuprador de Carmen-Anselmo, foi enjaulado direto, ficou com os dois que importunaram Valdemar Silva na cela. Os outros dois, Ramiro Toco e o baleado, foram levados com forte escolta para o hospital e medicados. O hospital desta vez era o Nossa Senhora da Conceição, do Dr. Luzardo Assunção, sogro do delegado Oliveira. Ramiro Toco precisou de dentista e, mais tarde, precisaria de cirurgia de reconstituição facial. Por agora, ia ficar irremediavelmente de cara torta. Mas já era tão feio ao natural, que a entortada de Nicanor mão-de-panela, quem sabe, acabava até melhorando a carantonha do infeliz.

O bandido baleado passou por uma rápida cirurgia, as duas balas de 32 extraídas com facilidade, o sogro-cirurgião admirando-se com a precisão “cirúrgica”, perfeitamente simétrica, das posições dos dois tiros “de dissuasão”, como constava no boletim de ocorrência que recebera das mãos do genro. Sim senhor, aquele paulista era o homem dos sete instrumentos! Entre eles, revólver com silenciador...

De qualquer forma, os dois homens precisariam ficar no hospital por mais alguns dias, o que levou o criativo e científico delegado Oliveira a ter algumas ideias novas. Comentou com o sogro e, depois, pelo celular, passou as conclusões para Celso, pedindo a gentileza de mandar Nicanor e Anselmo até o hospital, para dar uma ajuda.

O próprio Celso foi levar seus homens e ouviu o plano do delegado:

– Esses dois porqueiras vão ter que ficar mais uns dias no hospital, o doutor aqui diz que não pode dar alta para nenhum deles ainda. Aí, assim que o Silva souber do fracasso de mais essa investida dele e que seus homens estão aqui, pode ser que ele queira fazer alguma gracinha nova. Ele ainda tem três pistoleiros lá com ele e sempre pode contratar mais alguns, bandido é a coisa mais fácil de se achar, dá um chute numa pedra, brotam vinte do chão.

– E o que você acha que eles podem fazer, Norberto?

– Veja bem, Celso: Em primeiro lugar, ele pode tentar de novo algo contra a Gládis, em desespero, embora eu ache que ele não pode ser tão estúpido assim, a ponto de atacar de novo sabendo que a gente está com aos três anjinhos dele engaiolados e que eles podem já estar cantando pra nós que nem passarinhos. Mas, de um sujeito que é estúpido o suficiente para tentar agredir um Corregedor dentro de uma delegacia, pode-se esperar qualquer estupidez. Em segundo lugar, acho que ele é bem capaz de querer queimar arquivo, pra não ser incriminado mais ainda. Nesse caso, o Ramiro Toco é o alvo certo. Ou seja, não vai ser suficiente deixar só um homem aqui de guarda no hospital, no quarto onde os dois vão estar algemados às camas, O Silva pode atacar com um batalhão e colocar o meu homem e mais gente do hospital em perigo.

– Ah, entendo, por isso é que você me pediu o Nicanor e o Anselmo, os meus melhores homens, para ficar de guarda aqui.

– Não, não mesmo, Celso! Do jeito que eu pretendo fazer, praticamente não vai precisar de guarda algum por aqui depois. Escute só a minha ideia.

Enquanto o delegado Norberto Oliveira expunha seu plano, Celso Teles ria cada vez mais entusiasmado. Achou a ideia fantástica:

– Meu doutor delegado, você é mesmo um gênio nessa sua especialidade. Que ideia bárbara! Espere aí, vou ligar para a Gládis agora mesmo.

Ligou para a espanholita, agradeceu de novo sua bênção de cupido naquela madrugada radiosa, e pediu que lhe mandasse os apetrechos que iam precisar ali no hospital: as duas perucas que Anselmo e Nicanor tinha usado no apartamento delas. Em menos de cinco minutos a própria Gládis estava ali com as perucas na mão.

– Essa eu não perco por nada deste mundo, jefito! Dá pra eu ficar olhando, nem que seja escondida, delegado?

– Claro que sim, Gládis – falou o Doutor Norberto – Você é guerreira da nossa tropa de choque, será sempre bem-vinda em qualquer trabalho ou diligência da polícia de Amarante. Agora vamos lá, o meu sogro já ficou instruindo os seus homens, Celso, vamos levar as perucas e começar a apavorar o diabo do Ramiro Toco. É claro que eu posso fazer o imbecil colaborar na base da porrada, da tortura, mas eu não uso esses métodos primitivos por princípio e por ética. Sou muito mais pelos métodos modernos de persuasão. Como vocês vão ver agora.

Instantes depois, todos estavam à porta do quarto onde Ramiro Toco estava algemado à cama. O outro, o baleado recém-operado, estava na UTI ainda. Gládis, Celso e o delegado ficaram do lado de fora da porta entreaberta, invisíveis para o paciente. No quarto entraram o Doutor Luzardo, Nicanor e Anselmo, estes dois com as perucas longas e negras aplicadas às enormes cabeçorras. As figuras dos dois, principalmente Nicanor, eram horrendas com aquelas longas cabeleiras lisas. Foi ele o primeiro a falar:

– Então, doutor, tudo certo? Mil reais, não é? Assim que eu fizer o serviço, eu lhe pago. O senhor garante que ele aguenta, não é? Que a gente pode soltar a algema e virar a noivinha de bunda pra cima, certo?

– Podem, sim. Ele vai gemer um pouco, por causa da dor na cara, mas perto do que ele vai ter que gemer depois, com vocês dois fazendo o serviço nele, isso não é nada. Eu vou esperar no meu consultório pelo pagamento. E eu não sei de nada, tá bom? Vocês é que invadiram o meu hospital pra se divertir com a menininha aí. Depois eu apresento queixa pro meu genro, mas ele nunca vai querer descobrir quem foram os dois tarados que enrabaram o capanga do Valdemar Silva.

Ramiro Toco, que até então se mantivera calado, pretextando não poder falar por causa do ferimento na boca, berrou:

– Que que é isso, doutor?! Pelo amor de Deus, não deixe uma coisa dessas acontecer. Eu sou macho!

Ah, então você está podendo falar, não é? Eu garanti para o meu genro que você estava fingindo. Bem, mas eu sinto muito, os meninos aí estão me pagando muito bem para comerem o seu rabo. Só assim para um inútil como você me servir para alguma coisa. E agora é com você e eles. Se vire!

– De bruços – completou Anselmo.

O médico saiu e Ramiro Toco se viu sozinho com aqueles monstros enormes. E mais apavorado ainda ficou com a conversa deles. Ambos, imitando falar e trejeitos de bichas bem loucas, falaram:

– Então, amor, o que você acha, ele aguenta?

– O seu eu acho que ele aguenta, santa. Agora o meu...

– Ai, seu bruto, quem pode aguentar esse seu cacete de jegue? Vai destruir ele todo, coitadinho.

– Ah, mas não importa, Selminha. Ele não foi lá no quarto pra me comer na marra? Não chegou a me tapar a boca, a apertar meu pescocinho? Pois aí me deu o maior tesão de comer o rabo dele também. Você segura essa joinha bem segura, que ela vai espernear um bocado. Ah, amor, você acha que eu posso dar uns tapas na menina aqui, será que ela aguenta, com a carinha toda estropiada assim? Cruzes, eu bati forte demais, não sabia que era uma dama. Mas se eu não judiar um pouco dela, não bater, qual é a graça que tem de enrabar ela?

– É, você tem razão, Niquinha. Além do que esse cara é uma menina muito má, quis abusar de você quando você dormia. Tranca de jegue nele! E agora mesmo. Espera aí que eu vou virar a noivinha de cu pra lua.

Ramiro Toco estava absolutamente apavorado. Olhava alternativamente para a enorme mão de pilão, mão de panela, de Nicanor. E para o meio das pernas dele, de onde achava que ia assomar, a qualquer momento, uma tranca fenomenal, assustadora. Em desespero, propôs:

– Não, por favor, pelo amor de Deus, vamos negociar! Eu tenho dinheiro escondido aqui, posso pagar o que vocês têm que dar pro médico e mais algum pra vocês.

– Eita – falou Nicanor – esse peste tem a coragem de falar em Deus! Mas que história é essa de dinheiro escondido? Quem sabe, se for bastante, a gente possa se interessar.

Ramiro Toco ficou mais animado:

– Olhem eu tenho um dinheiro do chefe, que ele me deu pra contratar os caras de Ponta Grossa. Eu posso dividir com vocês.

– Dividir, só?! Então não interessa, você vai ver já, já, o que é uma ponta grossa, não é Niquinha?

– Ponta e o resto todo, grosso da ponta até ozovo. A menina aí vai adorar.

– Não, não, vocês podem ficar com tudo então! Tem dez mil reais, está costurado no forro da minha jaqueta. É um dinheirão.

– Hum, não é tanto assim, não. Mas, mesmo que fosse, agora eu tô morrendo de tesão, acho que é tarde demais.

Ramiro Toco estava em pânico absoluto. Foi quando Anselmo falou algo diferente:

– A menos que ele nos faça aquele favor, Nica. O que você acha? O dinheiro, essa merreca, mais o favor. Aí eu acho que você devia aceitar, bem.

Que favor? Que favor?!! Eu faço, eu faço. Qualquer coisa! Eu faço!

– Bom, vamos ver o tal dinheiro, então. Pega e rasga aquela porcaria ali, Selminha. Confere.

Anselmo agiu rápido e com perícia. Localizou um monte de dinheiro na jaqueta, fez uma busca na calça e achou outro.

– Tá brincando com fogo, camarada? Dez mil na jaqueta, dez mil na calça. No sapato não tem nada. Enraba ele, Niquinha, esse filho da puta mentiu pra gente.

– Não! Não! Vocês ficam com tudo e eu ainda faço o tal favor. Por favor, pelo amor de...

– Ele tem um celular, não tem?

– Tem, Nico, está lá com o delegado.

– Vai buscar então, o homem está lá com o sogro dele. Enquanto isso eu fico aqui fazendo uns carinhos na minha boneca estropiadinha.

E, enquanto Anselmo saía, fazendo um tempo e pegando o celular de Ramiro Toco da mão do delegado, que estava ali mesmo no corredor, vendo e ouvindo tudo, Nicanor começou a passar a mão na bunda do bandido, colocando-a por baixo do corpo dele.

– Hum, que bunda gostosinha, molezinha, bem como eu aprecio...

– Não! Não! Vocês prometeram, vocês vão ficar com toda a grana do chefe. E eu ainda vou fazer o tal favor, seja o que for.

 Então Nicanor, para reforçar ao máximo o terror, extrair o máximo de colaboração do Toco, aproximou o corpo bem junto da cabeça dele e começou a puxar o zíper:

– Uma chupadinha, bem... Bem gostosinha...

Ramiro Toco aguentou a dor na cara e no pescoço, virou a cabeça para o outro lado e tentou escapar do que seria a mais aterrorizante visão. Mas nesse momento, aproveitando a deixa, Anselmo voltou.
– Olha aqui, Nica, aqui está o celular da gatinha aí. Explica pra ela qual é o favor.

– Pô, Selminha, sua bicha metida, você tinha que entrar bem na hora boa, é? Agora que ela ia dar a primeira chupadinha...

– Mas não ia dar, homem. Nem se ele estivesse com a boca normal, essa rola gigante não cabia, muito grossa, Nica. Que dirá com a boca toda arrebentada assim, obra sua mesmo, azar o seu, sua bicha violenta.

– O favor!! O favor!!! – Gritou o apavorado Ramiro Toco.

– Tá bom, a gente a aceita livrar seu rabo pelos 20 mil do seu chefe e mais o seguinte: um papo seu com ele, aqui na nossa frente.

– Pra dizer o que?

– Dizer que você ainda está em Ponta Grossa. Que os caras só podem vir na segunda, um deles está detido na polícia, mas sai na segunda, o advogado garantiu. E você está com uma bruta dor de dente, infecção braba, não dá nem pra falar direito, por isso não ligou ontem pra ele. Ah, fala com o som no altofalante, pra gente ouvir.

– E vocês garantem que não me enrabam? Nem me fazem... chupar, que é tão horrível quanto...

– Vai depender só de você. Se a gente ficar satisfeito com seu papo, seu rabo e sua boquinha estropiada se salvam.

Ramiro Toco pensou: O chefe que se foda! Eu já tou ferrado mesmo, ele que se ferre também. Pelo menos me salvo desse travesti gigante tarado.

Pegou o telefone, buscou o número do chefe nos contatos e ligou:

– Alô, Doutor Valdemar? É Ramiro.

– Porra, seu viado! Só agora você me liga, mais de 10 da manhã. O serviço não era pra esta madrugada, porra? Mataram a bandida?

– Calma, doutor. A gente ainda não conseguiu sair de Ponta Grossa.

– O que? Mas que porra é essa, seu incompetente?

– Doutor, um dos homens que eu vou levar comigo, o mais importante, o que vai matar a mulher, está em cana ainda.

– O que? Mas você não tem nenhum outro pra trazer no lugar dele?

– Bom como ele não tem não, doutor, a praça está fraca. Mas o homem sai na segunda, o advogado dele me garantiu, foi só uma averiguação, não tem bronca. E eu acho que o senhor também vai preferir esperar. Sabe a especialidade do homem? Ele é degolador!

Do outro lado da linha ouviu-se uma risada sinistra, que virou gargalhada:

– Puta que pariu, Toco! Isso é melhor que a encomenda. Vale a pena esperar, aquela filha da puta que me afrontou, degolada, vai ser uma delícia. Pena que não dá pra mandar a cabeça dela pra mim, pra eu mijar em cima e jogar futebol com ela. Mas você está falando esquisito, parece que bebeu todas.

– Não doutor, nada disso. É que eu estou de boca inchada, infecção braba de dente, por isso não liguei antes, estava na emergência hoje cedo. Mas até segunda eu já estou bom também.

– Bom, então está bem. O serviço fica remarcado pra terça que vem, de madrugada, conforme o plano. Boa recuperação pra você.

– Obrigado, doutor. Até segunda, então. Fique com Deus.

E desligou, feliz com sua interpretação.

– Então? Satisfeitos? Era isso?

– Era isso, perfeito, parabéns! – disse o delegado Oliveira entrando no quarto – Deu pra gravar, Anselmo?

– Deu, doutor, está aí, devolvo o seu celular, gravei todo o papo deles.

– Bem, não que precise, com tantas testemunhas. Mas eu adoro produzir uma prova técnica, sabe como é.

As outras testemunhas entraram: o tal de Celso, dono da concessionária, Toco reconheceu-o. E uma mulher morena alta, cara de artista de cinema, corpo de tirar o juízo, um sol! A mulher se apresentou:

– Olá, pateta. Era eu que você tinha que estuprar e matar esta noite. Mas você preferiu o Nicanor, seu tarado. Agora pior pra você, ele se apaixonou pela Toquinha dele.

– Deus me livre e guarde, Dona Gládis! – protestou Nicanor, arrancando a peruca fora e arremessando-a na cara de Ramiro Toco –  Eu tenho pavor de homem pra essas coisas. Meu negócio é mulher. Sou cabra macho do sertão de Alagoas!

Então Ramiro Toco compreendeu que tinha caído na segunda armadilha no mesmo dia: uma no apartamento, onde, no lugar daquela mulher monumental, encontrou aquele mulato feio como a necessidade e forte como dez touros. E outra vez justo agora, quando perdeu todo o dinheiro que pretendia escamotear na maior parte dos de Ponta Grossa; e ainda fez papel de trouxa, enganando o chefe como o delegado queria. A morena gostosa tinha razão em chamá-lo de pateta.

CONTINUA

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