quarta-feira, 5 de outubro de 2016

ANGÉLICO INFINDO AMOR 
MILTON  MACIEL 

Chegou o Amor, inebriante, capitoso,
Quando eu errava pelo ervaçal da vida,
Amargurado, tendo a alma destruída,
Desfeita em pó, num percurso desastroso.

Foi quando, à beira de um regato murmoroso,
Eu avistei a mais incrível criatura,
Deitada ao sol, qual helênica escultura,
Tudo ofuscando, com seu brilho majestoso.

Era estonteante, a mais fantástica visão,
Que me foi dada nesta vida contemplar.
Ela se ergueu e então eu vi em seu olhar
Que ela seria a minha própria redenção.

Sorriu-me a musa, estendeu-me a bela mão,
Que tomei trêmulo, nas minhas, vacilante.
Surreal, a luz, que nascia em seu semblante,
Me penetrava, abrindo a mente e o coração.

Os rubros lábios continuavam descerrados,
Ela sorria... e era como se falasse!
E eu compreendia, sem que ela articulasse
Nada com a boca de alvos dentes nacarados.

Seus pensamentos permearam-me a consciência
E então eu soube que por ela era esperado.
E compreendi que meu lugar era a seu lado
E que ela há muito padecia minha ausência.

Só então pude entender completamente
Que eu não era, na verdade, um ser humano.
Por tanto tempo estive imerso nesse plano
Que acreditei ser um deles realmente.

A criatura iridescente à minha frente
Logrou, por fim, expandir a minha mente.
Eu soube que ela era um anjo e eu tinha sido
Por longo tempo, na Terra, um Anjo Caído.

Meu peito quase explodiu bem no momento
Em que entendi quem era a anja revelada:
Nada menos que a minha esposa amada,
A quem perdi – força de um Mau Encantamento.

Vaguei por décadas na Terra como humano,
Entregue ao mundo deletério das paixões!
Meu ser perdido nas mais torpes ilusões.
E crer-me homem foi o meu maior engano.

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Ela me disse: Bem-vindo!
E eu me senti em casa.
Então beijou-me: Flutuei,
Como se tivesse asa.

Subindo alto notei
Que, de fato, eu tinha asa.
E ela voava comigo,
Me conduzindo pra casa.

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