quarta-feira, 9 de julho de 2014

JOÃO RAMALHO NO PARAÍSO - 5a. parte  
MILTON MACIEL

Fim da 4a. parte:
João seguiu com elas, enquanto as comia com os olhos, vendo aquele festival de corpos perfeitos e desnudos, algo com que jamais tinha sequer sonhado na vida. As indiazinhas percebiam claramente a excitação do português e o atiçavam ainda mais, parecendo divertir-se muito com aquilo tudo. Conversavam e riam às gargalhadas, estavam completamente à vontade, nuas daquele jeito na frente de um homem.

João compreendeu claramente que havia sobrevivido ao naufrágio, mas se isso tinha acontecido fora por um verdadeiro  milagre, pois a última lembrança que tinha é que havia desistido de lutar e começara a fundar e beber daquela água  salgada e gelada. 

5a. parte:
Então havia perdido os sentidos. E isso tudo teria acontecido no exato momento em que seu corpo havia dado à areia. A própria água  o havia jogado na praia e depois, com o recuar da maré, ficara ele ali exposto ao sol, que devia ter surgido logo depois da tempestade. Esta devia ter sumido tão rápido quanto aparecera. E ele tinha acordado seco e com aquela sensação maravilhosa de estar aquecido até à medula dos ossos.

Então aquele grupo de adolescentes índias o havia encontrado, puxado sua barba ramalhuda e, fazendo-o levantar-se, elas o tangiam agora em direção a algum lugar, talvez à aldeia em que viviam. E foi exatamente isso o que se confirmou, quando, minutos depois, mais indígenas, mulheres de todas as idades, homens e crianças começaram a aparecer e a cercar o pequeno grupo jovem em marcha.

As índias que o comboiavam faziam comentários animados para as outras pessoas e todos caiam na gargalhada. Mostravam-se todos curiosos, divertidos e amistosos. E interessadíssimos na barba dele. Várias outras índias se aproximaram e puxaram-lhe a barba, como as mais jovens haviam feito. Todos andavam nus, inclusive os homens, com aquelas coisas todas penduradas para fora, como se fossem bichos. E João achou aquilo tudo muito feio e deplorável. Exceto pelas indiazinhas adolescentes, que achava lindíssimas peladas.

Chegaram enfim à aldeia, um conjunto de um grande número de choças de palha, dotada de uma paliçada de troncos, para sua proteção. O grupo escoltou-o até em frente de uma choça de dentro da qual saiu um indígena com aspecto imponente, embora totalmente nu como todos os demais e portando uma espécie de pequeno cocar feito de penas coloridas. Todos o tratavam com deferência, respeito e muita cordialidade, como se fossem muito amigos. Era evidente que aquele era um chefe.

De fato, tratava-se do cacique Tibiriçá, o chefe supremo de uma grande aldeia que ficava lá em cima da serra que João podia avistar dali. Havia um outro evidente chefe da tribo local, mas este prestava a toda hora homenagens a seu ilustre visitante.

O cacique Tibiriçá sabia falar algumas palavras em português, o suficiente para que se estabelecesse um esboço de diálogo entre ele e o recém-chegado. Dessa forma os indígenas souberam que o nome dele era João, algo muito comum entre os portugueses que por ali apareciam. Mas ficaram sabendo que este era um João diferente, por que ele era João Ramalho.

Cercado de índios e índias por todos os lados, João tentou explicar que seu outro nome era Ramalho por causa de sua barba grande e muito crespa. Uma das garotas que o havia encontrado na praia aproximou-se dele e puxou sua barba sem cerimônia, dizendo:

– Ramalho! – mas o Erre que ele pronunciava era doce, não tinha o som rascante do Erre normal dos portugueses. Outras meninas e meninos, todos crianças, vieram puxar-lhe a barba também e diziam algo que lhe parecia soar assim:

 –  Aramalho... Aramalho... Aramalho...

– Ora, será que esse gajos pensam que minha barba é feita de arame? Não, duvido que essa gente saiba o que é um arame. Deve ser a maneira de eles pronunciarem o som do Erre. É melhor eu me acostumar.

A essa altura o grupo de moças adolescentes, que o resgatara na praia, voltou a cercá-lo e, fazendo um sinal ao chefe da aldeia, como a pedir licença, levaram o português para fora da taba, tangendo-o em direção a um riacho próximo. Tomaram conta dele como se ele lhes pertencesse, como um achado delas.

João contou-as mais uma vez: eram dezesseis raparigas agora, cada uma mais formosa do que a outra. Esguias, de bom corpo, alegres, risonhas, gente de uma simpatia que ele nunca tinha visto em vida. E cheirosas, limpíssimas! Todas faziam questão de tocar nele, de pegar seus braços e mãos, de tocar seu ombros e até suas nádegas. Como estavam todas nuas, era difícil para o português esconder o estado de excitação em que se encontrava. Ainda bem que estava vestido!

Mas pior ficou sua situação quando chegaram ao riacho. A mocinha que parecia ser a líder de todas falou várias palavras que ele não entendeu, mas apontou para suas roupas e levou os dedinhos ao nariz diversas vezes. João Ramalho entendeu que suas roupas fediam, afinal ele também tinha um nariz.

Um segundo depois, quando todas as moças caíram sobre ele e começaram a tentar arrancar suas roupas, o português ficou encabulado. Era evidente que aquelas moças queriam que ele tirasse a roupa e, como apontavam para a água, entendeu que elas queriam que ele tomasse banho. Tentou se esquivar, mas a moças eram muitas e, embora não entendo muito bem de roupas, coisa de brancos, acabaram por arrancar-lhe peça por peça, a começar pelas botas ainda encharcadas de água do mar.

Quando a última peça, a mais íntima, foi arrancada, João tentou esconder o que ele aprendera em Portugal a chamar de “suas vergonhas”. Mas a indiazinhas foram implacáveis. Puxaram-lhe as mãos e os braços e o português foi obrigado a exibir-se em estado de fogosa excitação sexual. 
CONTINUA

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